Precisamos falar sobre suicídio

Suicídio é um assunto difícil de ser abordado, um tema complexo e sem respostas simples. A própria palavra traz em si, angústias, dúvidas e perguntas sem respostas. Mas então porquê conversar sobre suicídio? Segundo a OMS cerca de 1 milhão de pessoas cometem suicídio por ano e para cada morte temos 26 tentativas. É a segunda causa de morte entre os adolescentes dos EUA. O assunto é tão sério que ganhou um mês de destaque para ações de conscientização e prevenção: o setembro amarelo. Recentemente o assunto veio à tona em virtude de um jogo perverso denominado Baleia Azul, onde participantes são incitados a executarem diversas tarefas de automutilação, tortura e degradação culminando com o suicídio. Atribui-se ao jogo o suicídio de 130 jovens na Europa e investigam casos no Brasil.
Outro acontecimento que fomentou a discussão sobre o assunto foi o lançamento da série 13 Razões cuja a personagem principal Hannah, uma adolescente de 17 anos, deixa fitas gravadas com os 13 motivos que a levaram a tomar essa atitude tão drástica. Na série podemos acompanhar a sucessão de situações desastrosas que levam Hannah ao desespero, solidão e desilusão. Além desse tema a série também nos faz refletir sobre bullying, abuso, solidão, amizade e responsabilidade.
As causas do suicídio são genéticas, biológicas, psicológicas e socioculturais. As pessoas que falam que vão cometer suicídio tem 30 vezes mais chance de ir ao ato. A depressão e a bipolaridade são condições que estão ligadas à maioria dos casos de suicídio, mas não são determinantes, ou seja, não é por que uma pessoa está deprimida que ela necessariamente vai cometer suicídio. (Mas ok, não deixa de ser um sinal importante de alerta).
Mas como saber se uma pessoa está com ideação suicida?
Existem três fases no processo de suicídio. A primeira é a ideação, quando a pessoa começa a pensar na ideia de colocar um fim ao próprio sofrimento. A segunda é o planejamento, que é quando ela realmente vai pensar em como pode fazer aquilo e, a terceira, é a realização, o ato propriamente dito.
Fiquem atentos a alguns sinais como:
- Tristeza intensa e duradoura;
- Falta de interesse e planos para o futuro;
- Falas como: “ Você estaria melhor sem mim”, “não viverei até lá”, “eu deveria sumir”, “ninguém se importa com minha falta”;
- Tentativas prévias de suicídio;
- Participar de grupos de suicídio ou automutilação em redes sociais;
- Mudança de comportamento sem explicação aparente;
- Doação de objetos valiosos;
- Aquisição de objetos perigosos, giletes, facas, armas de fogo;
- Histórico de abusos, violência e bullying;
- Doença progressiva e incurável;
- Se a pessoa conhece alguém que cometeu suicídio;
- Brigas constantes com pais, amigos figuras de autoridades;
- Abuso de substâncias como álcool e drogas;
E então, existe saída? SIM. A OMS afirma que 9 em 10 suicídios poderiam ser evitados. Se você quer ajudar uma pessoa que pensa em tirar a própria vida, é importante que você tenha uma escuta livre de julgamentos, culpa e ofensas. Cada sujeito é único e precisa de uma avaliação própria. Busque ajuda de profissionais, os psicólogos são profissionais preparados para lidar com o sofrimento humano e acolher quem precisa de ajuda. Durante o processo psicoterápico as pessoas podem identificar sentimentos, situações, e relacionamentos que consideram difíceis e encontrar formas de lidar com seus problemas.
Você também pode entrar em contato com o CVV – Centro de Valorização da Vida que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.
Além disso é importante fomentar a discussão sobre suicídio e abrir espaços de diálogos sobre o tema na sociedade. Pais, filhos, professores, profissionais da área de saúde, entidades governamentais, colégios, igrejas e hospitais precisam criar uma rede de diálogo para que com informação e apoio pessoas possam encontrar outras formas de lidar com o sofrimento. Então, vamos falar sobre suicídio?
Referências: OMS, Ministério da Saúde, CVV.org.br, Revista Crescer, Eurekka.