Atualidades e psicologia

Pink Money

Pink Money

🏳️‍🌈 Pink Money: mercantilização e esvaziamento da luta LGBTQIAPN+

Junho, mês do Orgulho LGBTQIAPN+. As marcas, sedentas por capitalizar às custas da diversidade, começam a estampar a bandeira do arco-íris em seus produtos, lançar coleções especiais e focar seu marketing nesse público.

Maquiando seus discursos com inclusão, oculta-se um objetivo nem tão colorido assim: transformar representatividade e luta em pink money — uma rasa defesa dos direitos LGBTQIAPN+ é usada como isca para capturar um nicho consumidor, sem qualquer compromisso com mudanças reais.

 “Consumo, logo existo”: visibilidade seletiva

O pink money explicita um sintoma cartesiano do modo de produção capitalista:

“Consumo, logo existo.”

Caso sua identidade seja vendável, você é visível.
Caso contrário, sua existência é deslegitimada.

Essa suposta “inclusão” exclui os corpos e identidades que não possuem poder de compra, sendo em sua maioria negras, periféricas e trans. O pink money, assim, se revela como mais uma das facetas racistas, classistas e transfóbicas do mercado.

 

📆 Junho é o único mês em que importamos?

Outro aspecto importante é a sazonalização da luta LGBTQIAPN+. A mercantilização dessa pauta dá visibilidade à causa somente em junho, enquanto a opressão vivida pela comunidade é cotidiana e estrutural.

Enquanto marcas oportunizam o Mês do Orgulho para vender “inclusão”, muitas delas financiam políticos fascistas e conservadores, além de manterem políticas internas homotransfóbicas.

A contradição é clara: querem nosso dinheiro, mas nos negam emancipação e liberdade.

 

💸 Capitalismo e diversidade: quem lucra com a resistência?

O Pink Money mostra que parte da comunidade LGBTQIAPN+ possui poder econômico, mas este não implica necessariamente em poder político.

O capitalismo usa da diversidade para lucrar, mas oculta as estruturas que perpetuam a exploração de corpos e identidades dissidentes. Desse modo, não há preocupação legítima com a defesa dos direitos da comunidade, mas sim intenção voraz com a comodificação da resistência.

✊ E o que fazer diante disso?

É necessário, portanto, ir além da crítica e agir estrategicamente.

Direcionar esse poder econômico para empresas e trabalhadores que sejam verdadeiramente engajados com a luta LGBTQIAPN+, cobrar transparência dessas marcas e, se possível, priorizar iniciativas independentes (artistas, negócios e coletivos LGBTQIAPN+), são formas de atenuar e reduzir danos causados pela opressão dessa parcela da população.

Além disso, é preciso reconhecer que a causa LGBTQIAPN+ não está separada das lutas de gênero, raça e classe e, por conseguinte, devem ter como horizonte o fim desse modo de produção que lucra com marginalização e opressão dos trabalhadores.

 

Autor: Emanuel Eduardo de Morais

Crp: 09/19398

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