Sinais e Comportamentos de Abuso Sexual Infantil: Você Está Ouvindo?

Você já olhou de verdade para uma criança que parou de sorrir?
Já percebeu o medo escondido atrás de um abraço evitado?
Já escutou uma história sem palavras… contada num desenho?

O abuso sexual infantil não grita com palavras.
Grita com o corpo.
Com o silêncio.
Com o olhar que se apaga.
Com a energia que some.

E se a gente não souber escutar… a dor continua.

Informar, acolher e proteger: um chamado à consciência

O abuso sexual infantil é uma das formas mais devastadoras de violência. Ele não deixa apenas marcas físicas — ele rompe a infância, silencia a espontaneidade, fere a alma.

Muitas vezes, a criança não consegue colocar em palavras o que está vivendo. Por isso, o nosso olhar atento é essencial. Reconhecer sinais precoces pode fazer a diferença entre a dor silenciosa e o início da cura.

7 Sinais e Comportamentos que Precisam Ser Levados a Sério

1. Mudanças bruscas de comportamento

Crianças antes comunicativas e alegres podem se tornar retraídas, irritadas, ansiosas ou excessivamente obedientes. Essas mudanças abruptas podem ser um pedido de socorro silencioso.

2. Conhecimento sexual inadequado para a idade

Falas ou comportamentos com teor sexual que não condizem com a idade da criança são fortes sinais de alerta e devem ser levados a sério.

3. Medo repentino de pessoas, lugares ou situações

Se a criança passa a evitar locais específicos ou demonstra medo intenso de determinadas pessoas sem uma razão aparente, é preciso investigar.

4. Dores ou lesões na região íntima

Queixas como dor ao urinar, ao sentar, ou qualquer tipo de lesão na região genital exigem atenção imediata de profissionais de saúde.

5. Comportamentos regressivos

Voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo ou falar de forma infantilizada pode ser uma tentativa da criança de lidar com um sofrimento que ela não consegue expressar.

6. Desenhos ou brincadeiras com conteúdo sexual

A forma como a criança brinca ou desenha pode revelar muito do que está vivendo. Conteúdos sexualizados, inapropriados ou inquietantes merecem atenção.

7. Isolamento e tristeza profunda

Quando a criança que era ativa e participativa passa a se isolar, parecer triste ou apática, é preciso estar atento: pode haver um trauma por trás desse comportamento.

A escuta salva. O acolhimento transforma.

Se você percebeu algum desses sinais em uma criança, não ignore. Escute com acolhimento, sem julgamento. Ofereça um espaço seguro, e se necessário, procure profissionais especializados.

O silêncio perpetua a violência.
A escuta, a atenção e o cuidado salvam vidas.

Toda criança merece ser protegida.
Toda escuta merece atenção.
Todo silêncio, tradução.

Você está ouvindo?
Se sim, compartilhe. Pode ser o começo de uma infância salva.

A terapia é um espaço seguro para reconstruir a confiança e dar voz ao que foi silenciado.

Através do acompanhamento terapêutico, a criança pode reaprender a se sentir segura, a reconhecer seus limites e a expressar suas emoções.
A escuta clínica fortalece a proteção, sustenta a dignidade e abre caminho para o recomeço.

Cuidar da saúde mental da criança é também um ato de proteção.

    Psicólogo: Rebeca Andrade

CRP: 09/012031